Vender espetáculo
Por Osvaldo BertolinoMuitos clubes e federações apoiaram as medidas da entidade, pois saem, muitas vezes, perdendo com o êxodo de seus jogadores ainda muito jovens. "Isso afeta os clubes do ponto de vista de que eles fazem todo o esforço de formação de um jogador e não podem aproveitar seus frutos", disse Eduardo De Bonis, sócio da consultoria Deloitte na Argentina, ao Wall Street Journal.
Segundo a reportagem, há outra proposta de Blatter que ainda não foi aprovada: a chamada regra do "6+5". Ela exigiria que todos os times tenham, ao início de cada partida, pelo menos seis jogadores selecionáveis por seu país — ou seja, nascidos no país ou estrangeiros naturalizados que não tenham atuado com a seleção de seu país de nascimento. "Por causa disso, devemos criar uma solidariedade, pensando que aqueles que têm mais deveriam compartilhar com os que têm menos. Mas isso é mais fácil de dizer do que de fazer", afirmou Blatter ao Wall Street Journal.
No Brasil, segundo o economista e presidente do Palmeiras Luiz Gonzaga Belluzzo, os clubes são os que menos ganham hoje com o futebol no país. “O futebol no Brasil não é um bom negócio. Há muito dinheiro envolvido, mas não para os clubes. Quem realmente fatura alto são os intermediários do esporte, como os empresários de jogadores e a televisão”, diz ele. Para Belluzzo, os clubes ainda apostam na venda de jogadores para pagar suas contas. Em média, 30% do faturamento dos clubes sai da venda de jogadores. “Quando esses atletas vão para clubes como o Real Madrid ou o Milan, tudo bem. Difícil é engolir quando vão para a Turquia e outras economias menores que a brasileira. O certo seria vender o espetáculo, não o jogador”, explica.