Contrato com a Nike
Por Osvaldo BertolinoComo administradora da seleção, a CBF tem aproveitado esse cenário favorável para fechar bons acordos comerciais. "Até a década de 80, o time era sustentado por verbas do governo", afirma Ricardo Teixeira, presidente da CBF. Aos poucos, as estatais foram sendo substituídas por empresas privadas. Os valores dos contratos de patrocínio alcançaram novo patamar quando a Nike se tornou parceira da seleção, em 1996. Até hoje a multinacional norte-americana contribui com parte substancial do faturamento da equipe: são 12 milhões de dólares por ano.
O contrato vai até 2018. Uma cláusula prevê bônus de 6 milhões de dólares em caso de vitória nos mundiais de 2010, 2014 e 2018. Além do direito de ser a fornecedora de material esportivo do time, a Nike pode explorar a imagem da seleção em uma série de produtos. O aumento do faturamento do time brasileiro nos últimos anos veio acompanhado de uma série de denúncias de irregularidades nos principais contratos firmados por Ricardo Teixeira.
Os negócios foram alvo, nos últimos anos, de duas Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs), uma na Câmara dos Deputados e outra no Senado. O relatório final das investigações, divulgado em 2001, apontou indícios de 17 crimes envolvendo os principais dirigentes do futebol brasileiro, como evasão de divisas, sonegação fiscal e lavagem de dinheiro.
Os prejuízos desse modelo para o futebol são evidentes. Uma semana antes da Copa de 1998, por exemplo, a Nike, tentando capitalizar ao máximo o momento, convocou os jogadores para participar de uma festa de inauguração. O então capitão Dunga (patrocinado pela Reebok) chegou a dizer que os jogadores deviam treinar, e não participar de eventos sociais.