O poder do dinheiro
Por Osvaldo BertolinoNa Copa da França, em 1998, os anúncios de bebidas alcoólicas ficaram fora dos estádios. E nem por isso os franceses deixaram de mandar a campo um time impressionante. O lema da Copa, C est beau, un monde qui joue (É bonito, um mundo que joga), completava aquela combinação de esporte e lazer. Mas era um esforço isolado. Ali perto, na Inglaterra, a Federação Inglesa de Futebol é patrocinada pelo McDonald's. O futebol do país está tomado por grupos econômicos — alguns deles operando com dinheiro de duvidosa procedência.
O renascimento do futebol no Reino Unido aconteceu a partir de 1992 quando o magnata da comunicação Rupert Murdoch e a British Sky Broadcasting investiram milhões de libras esterlinas, pagando pelos direitos de transmissão ao vivo das partidas (até aquele momento, não havia cobertura ao vivo dos jogos das equipes inglesas) — um modelo que está sendo copiado em vários lugares, inclusive no Brasil. Um dos principais problemas é a publicidade na TV.
A maioria dos canais não coloca anúncios no ar durante as partidas, pelo simples motivo de que o futebol é um esporte com pouco tempo de interrupção. Por isso, os nomes dos patrocinadores são expostos em placas em volta do campo. Já se fala em mudanças nas regras do futebol para facilitar a veiculação de comerciais na TV. Isso seria o fim do futebol tal como o conhecemos hoje. O problema é que o futebol está ganhando dinheiro grande. E o dinheiro grande muitas vezes acaba conseguindo o que quer.