Protestos Populares
Manifestações e protestos marcarão a posse de Porfirio Lobo em HondurasPor Natasha Pitts, Adital
Está marcada para amanhã, quarta-feira (27/01/2010), em Tegucigalpa, capital de Honduras, a posse do novo presidente, José Porfirio Lobo. Diversas organizações e movimentos estão articulando a sociedade hondurenha para, durante a posse, dizerem não a mais este ato de legitimação ao Golpe de Estado de 28 de junho. Tegucigalpa e San Pedro Sula serão os pontos de encontro da Resistência.
A mobilização está sendo chamada de Grande Marcha Patriótica e Libertária e tem a adesão de diversos países e organizações. A intenção é mostrar, de forma pacífica, a força do povo hondurenho e sua opção até o momento não respeitada de não reconhecer o resultado das últimas eleições gerais. Porfirio Lobo saiu vitorioso com o voto de apenas 13% dos eleitores do país. Por este motivo, hondurenhos e hondurenhas vão às ruas dizer não à atuação de mais um presidente golpista.
Em comunicado, a União de Escritores e Artistas de Honduras cedeu total apoio à marcha e afirmou "celebrar com grande entusiasmo a saída do sanguinário ditador Roberto Micheletti". O comunicado também critica a transformação de Honduras em uma plataforma de desmonte dos movimentos populares constitucionalistas da América Latina e apoia a atuação da Frente Nacional de Resistência Popular.
As manifestações contrárias à posse de Porfirio Lobo deverão acontecer não só em Honduras, mas também em diversos outros países. Em Caracas, na Venezuela, a equipe Promotora do Conselho de Movimentos Sociais da Aliança Bolivariana dos Povos de Nossa América (ALBA), promoverá o ‘Fórum em solidariedade com o povo de Honduras e pelo fortalecimento da união dos povos latino-americanos’. O evento acontecerá às 17h, na sala 2 do Parque Central. Neste momento decisivo para Honduras, países como o Brasil estão reafirmando não reconhecer as eleições de 29 de novembro. Há apenas três dias, o assessor especial da Presidência para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio García, afirmou à Agência Brasil em La Paz que o Brasil continua mantendo o posicionamento de não reconhecer Porfirio Lobo como presidente de Honduras. Ainda assim, o assunto deverá ser debatido em fevereiro durante o próximo encontro do Grupo do Rio.
Desde 21 de setembro de 2009, quando retornou a Honduras, até o momento, o presidente constitucional Manuel Zelaya se encontra abrigado na embaixada do Brasil em Tegucigalpa. Sobre esta situação, Garcia disse apenas que Zelaya é um amigo e hóspede e que ele pode ficar na embaixada o tempo que achar necessário. Investigação das violações aos direitos humanos. Um dia antes de Porfirio Lobo tomar posse como presidente de Honduras, a ONG Anistia Internacional solicitou a Lobo que investigue os atentados contra os direitos humanos cometidos durante o governo ditatorial de Roberto Micheletti e leve os responsáveis à justiça. As agressões, mortes, prisões e desaparecimentos forçados foram cometidos em sua maioria pelas forças de segurança do país. Organizações como o Comitê de famílias de detidos e desaparecidos de Honduras dão conta de que estas agressões e perseguições não cessaram. Em entrevista à L’Humanité, Bertha Oliva, presidente do Comitê, afirmou que existem inclusive "planos de morte" e que os prefeitos estão sendo estimulados a entregarem os membros da Resistência e qualquer um que não colabore. Bertha afirmou ainda não acreditar em mudanças durante o governo de Porfirio Lobo, já que ele se encontra "em um ambiente cercado de militantes leais aos falcões do Pentágono".
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Protestos Populares
Cerca de oito mil manifestantes no aeroporto de Tugucigalpa aguardando o retorno do Presidente deposto Zelaya, cercados pelo Exército. Neste dia duas pessoas foram mortas pelos militares.
Apesar de toda a intensidade da crise que acontece em Honduras, não há notícias de enfrentamentos entre os partidários de Micheletti e Zelaya.
A resistência contra o golpe militar em Honduras continua, apesar da ainda maior repressão dos últimos dias. (veja fotos: I II III). Trinta e oito camponeses que foram presos na sede do INA (Instituto Nacional Agrário de Honduras) na semana passada, iniciaram uma greve de fome para serem reconhecidos como presos políticos e como forma de resistir à ditadura de Micheletti. Atividades culturais e assembleias seguem como forma de resistência já que sair às ruas tem sido quase impossível depois do estado de sítio decretado no dia 26 de setembro. Entretanto, depois de 10 dias, na última segunda feira 5 de outubro, o governo golpista teve de ceder e suspendeu o estado de sítio, mas deixou como saldo duas emissoras de rádio com equipamentos roubados, dezenas ou centenas de presos políticos a mais, documentos sobre reforma agrária roubados, e mais gente assassinada - nada disso "volta ao normal" mesmo com o fim do estado de sítio.
Enquanto isso a resistência popular permanece firme, mesmo com perdas irreparáveis. A Frente Nacional contra o Golpe de Estado decidiu que irá manter três ações para os próximos dias: 1. Independente de Zelaya, a Frente levará adiante o processo para a Assembleia Constituinte, promovendo debates, eventos educativos e mobilização para construir a nova constituição; 2. Irá boicotar as empresas que estão apoiando o Golpe; 3. Continuará com as ações de limpeza das propagandas eleitorais espalhadas pelas cidades já que a resistência é contra ter as eleições com uma ditadura no país (mesma posição da comunidade internacional que já avisou que não irá reconhecer as eleições se forem feitas desta forma).
Fonte de Pesquisa: Mídia Independente
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