A força do Vulcão
A força do vulcãoPor Jaime Leitão
2010 já pode ser considerado nas últimas décadas o ano das catástrofes climáticas e ambientais. Ainda estamos nos recuperando da tragédia do Rio e Niterói, com os soterramentos de casas que provocaram mais de duas centenas de mortes e já fomos surpreendidos pelo terremoto na China, com número de vítimas considerável, e ontem um vulcão na Islândia entrou em erupção.
Há vários dias, esse vulcão dava sinais de estar acordando, o que levou as autoridades do país a remover a população da área próxima a ele. Mas foi ontem que ele passou a expelir cinzas e fumaça em grande quantidade, paralisando o espaço aéreo em toda a Grã-Bretanha.
À primeira vista, não imaginamos que um vulcão na Islândia, uma ilha distante, mas que está situada na Europa, pudesse atingir Londres e outras cidades britânicas, bem distantes daquele país.
A Grã-Bretanha também é uma ilha que está bem próxima do continente. Já o vulcão na Islândia, apesar de bem distante, pelo movimento dos ventos afeta a Europa, provocando suspensão de voos também na Escócia, Irlanda, Dinamarca, Suécia, Noruega e, consequentemente, os voos em praticamente todos os países do mundo direcionados a esses locais.
A visão no espaço aéreo desses países e, provavelmente, em outros da Europa, fica profundamente prejudicada, ameaçando a segurança de passageiros e tripulantes, e nem a visibilidade por aparelhos torna-se possível em uma situação como essa.
Segundo o especialista em vulcões, David Rothery, que concedeu uma entrevista à BBC: “Se partículas de cinzas vulcânicas entram em uma turbina, elas se acumulam e entopem o motor com material derretido.”
Em 1982, um Boeing da British Airways, que sobrevoava a Indonésia com 263 passageiros, voou durante vários minutos com as turbinas e os motores desligados devido ao acúmulo de cinzas de um vulcão. Após instantes de angústia dos que estavam a bordo, o material derretido se condensou e se soltou e as turbinas voltaram a funcionar normalmente para o alívio de todos.
Tripulantes e passageiros, depois, mais calmos, descreveram a cena de terror, que consistiu em faíscas aparecendo nas janelas e um cheiro terrível de enxofre obrigando a todos a utilizar máscaras de oxigênio.
Para evitar imprevistos como esse e finais nada felizes, como a queda de uma aeronave, é que os governos dos países afetados optaram pela prudência, prevendo paralisações nos próximos dias até que o vulcão na Islândia se acalme e, de preferência, volte a adormecer por décadas ou séculos.
Paralisação do tráfego aéreo em alguns países afeta o mundo todo, dá prejuízos significativos, mas em primeiro lugar deve estar a preocupação com vidas humanas. A viagem, seja de turismo ou de negócios, pode esperar. A vida não pode ser exposta a cinzas de um vulcão de uma ilha remota, mas com poder para causar estragos bem longe de lá.
Este conteúdo foi acessado em 16/04/2010 no sítio do Jornal Cidade. Todas as modificações posteriores são de responsabilidade do autor original da matéria.