Sociologia
04/05/2009
Movimento sindical tem desafio de unir trabalhadores em momento de fragmentação
Movimento sindical tem desafio de unir trabalhadores em momento de fragmentação
30/04/2009
Renato Godoy de Toledo,
da Redação
O conjunto dos trabalhadores vive um conflito interno permanente, sobretudo em momentos de agravamento de sua situação econômica e social. Enquanto a condição de igualdade entre os trabalhadores os une em prol de um objetivo comum e contra um adversário – o patronato –, a dinâmica competitiva do capitalismo os coloca como oponentes na luta por um posto de trabalho ou por um cargo melhor dentro da empresa.
Disso, pode ser dito que a tarefa das organizações de trabalhadores comprometidas com a transformação social tem sido fortalecer a tendência à associação, em detrimento da competição.
Para Ruy Braga, sociólogo da USP, essa contradição no seio da classe trabalhadora é inerente à sua própria constituição histórica. “Ela faz parte da classe, que é pressionada por duas tendências. Primeiro, a exploração do trabalho, que produz a associação e faz com que os trabalhadores se reconheçam como aliados. Por outro lado, ela é fragmentada pelo mercado de trabalho. Então, ela vive nessa contradição entre associação e competição. Isso é uma constatação sociológica que independe da análise política”, constata.
Desafios
Diante dessa realidade, Braga aponta que as direções operárias têm o desafio de promover a associação num momento de fragmentação. “O grande enigma é como fazer com que as tendências de fragmentação sejam superadas pela associação. No caso brasileiro, nos últimos anos, o que ocorreu foi a tendência para a fragmentação. Houve uma atomização dos trabalhadores e uma desarticulação. E essa tendência não foi revertida no governo Lula, apesar de ter havido uma maior formalização”, analisa.
O sociólogo Mauro Iasi ressalta o fato de o individualismo ter aumentado com a implementação da reestruturação produtiva. Como exemplo de associativismo, Iasi cita o momento de ascensão do movimento operário no final da década 1970 que deu origem ao chamado Novo Sindicalismo. “Em períodos normais de funcionamento do capitalismo, os trabalhadores se veem como indivíduos concorrendo por um lugar na divisão do trabalho. A chamada reestruturação produtiva acirrou essa disputa. No enfrentamento contra o capital, os trabalhadores podem encontrar um ponto de fusão de classe e se enxergar como uma classe além dos interesses imediatos e individuais. Vimos isso na época do fim da ditadura militar no qual a fusão se deu contra o arrocho salarial e a própria forma autoritária do governo, produzindo uma unidade da classe”, relembra.
Medidas
Para Iasi, a forma de combater a atomização dos trabalhadores parte da postura que os seus dirigentes devem adotar diante das soluções propostas pelos empresários. “O primeiro passo é recusar a tese do pacto social e buscar uma ação que preze a independência e a autonomia de classe. A classe trabalhadora não age movida por qualquer essência reformista ou revolucionária, mas, em grande parte, é moldada pela ação das organizações e direções que atuam em cada momento histórico”, ratifica.
Apesar do cenário de atomização visto no mundo do trabalho, Iasi sustenta que há condições propícias para tomar medidas mais incisivas. “Existe uma base material para retomar as lutas e enfrentamentos que resgatariam a independência de classe e permitiriam um salto na consciência de classe, hoje pulverizada em interesses pessoais e hegemonizada por uma visão marcada pelo entendimento e aliança com a burguesia”, acredita.
fonte:www.brasildefato.com.br
30/04/2009
Renato Godoy de Toledo,
da Redação
O conjunto dos trabalhadores vive um conflito interno permanente, sobretudo em momentos de agravamento de sua situação econômica e social. Enquanto a condição de igualdade entre os trabalhadores os une em prol de um objetivo comum e contra um adversário – o patronato –, a dinâmica competitiva do capitalismo os coloca como oponentes na luta por um posto de trabalho ou por um cargo melhor dentro da empresa.
Disso, pode ser dito que a tarefa das organizações de trabalhadores comprometidas com a transformação social tem sido fortalecer a tendência à associação, em detrimento da competição.
Para Ruy Braga, sociólogo da USP, essa contradição no seio da classe trabalhadora é inerente à sua própria constituição histórica. “Ela faz parte da classe, que é pressionada por duas tendências. Primeiro, a exploração do trabalho, que produz a associação e faz com que os trabalhadores se reconheçam como aliados. Por outro lado, ela é fragmentada pelo mercado de trabalho. Então, ela vive nessa contradição entre associação e competição. Isso é uma constatação sociológica que independe da análise política”, constata.
Desafios
Diante dessa realidade, Braga aponta que as direções operárias têm o desafio de promover a associação num momento de fragmentação. “O grande enigma é como fazer com que as tendências de fragmentação sejam superadas pela associação. No caso brasileiro, nos últimos anos, o que ocorreu foi a tendência para a fragmentação. Houve uma atomização dos trabalhadores e uma desarticulação. E essa tendência não foi revertida no governo Lula, apesar de ter havido uma maior formalização”, analisa.
O sociólogo Mauro Iasi ressalta o fato de o individualismo ter aumentado com a implementação da reestruturação produtiva. Como exemplo de associativismo, Iasi cita o momento de ascensão do movimento operário no final da década 1970 que deu origem ao chamado Novo Sindicalismo. “Em períodos normais de funcionamento do capitalismo, os trabalhadores se veem como indivíduos concorrendo por um lugar na divisão do trabalho. A chamada reestruturação produtiva acirrou essa disputa. No enfrentamento contra o capital, os trabalhadores podem encontrar um ponto de fusão de classe e se enxergar como uma classe além dos interesses imediatos e individuais. Vimos isso na época do fim da ditadura militar no qual a fusão se deu contra o arrocho salarial e a própria forma autoritária do governo, produzindo uma unidade da classe”, relembra.
Medidas
Para Iasi, a forma de combater a atomização dos trabalhadores parte da postura que os seus dirigentes devem adotar diante das soluções propostas pelos empresários. “O primeiro passo é recusar a tese do pacto social e buscar uma ação que preze a independência e a autonomia de classe. A classe trabalhadora não age movida por qualquer essência reformista ou revolucionária, mas, em grande parte, é moldada pela ação das organizações e direções que atuam em cada momento histórico”, ratifica.
Apesar do cenário de atomização visto no mundo do trabalho, Iasi sustenta que há condições propícias para tomar medidas mais incisivas. “Existe uma base material para retomar as lutas e enfrentamentos que resgatariam a independência de classe e permitiriam um salto na consciência de classe, hoje pulverizada em interesses pessoais e hegemonizada por uma visão marcada pelo entendimento e aliança com a burguesia”, acredita.
fonte:www.brasildefato.com.br