Disciplina - Sociologia

Sociologia

11/08/2009

Sem terra protestam por reforma agrária em Curitiba e no Brasil

Sem terra protestam por reforma agrária em Curitiba
Cerca de SETECENTOS sem terra protestam HOJE em Curitiba para pressionar que os governos acelerem a reforma agrária. Os trabalhadores se concentram na Praça 29 de Março cedo da manhã, de onde saem em caminhada ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária. No Paraná, o MST exige o assentamento das CINCO MIL famílias acampadas em beiras de estrada e investimento em infra-estrutura nos assentamentos.
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Manifestação reúne 1.500 militantes; acampada é atropelada por caminhão na rodovia Anhanguera e morre.
07/08/2009
Lúcia Rodrigues da Caros Amigos enviada especial a Campinas

A marcha do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) em defesa da reforma agrária começou nesta quinta-feira (06). Aproximadamente 1.500 militantes partiram de Campinas, no interior do Estado, no início da manhã, rumo à capital paulista.
Achegada da caminhada está prevista para o próximo dia 10.
Os manifestantes reivindicam o assentamento de 2.400 famílias que estão acampadas no Estado de São Paulo. Maria Cícera Neves, de 58 anos, é uma dessas pessoas que vivem debaixo de uma lona preta há vários anos nos inúmeros acampamentos que existem no Estado.
Perdeu a vida quando lutava por um pedaço de terra. Foi atropelada no quilometro 79 da rodovia Anhanguera, em Vinhedo, no sentido interior-capital, por um caminhão que invadiu o acostamento e a arrastou por alguns metros. A morte foi praticamente instantânea. Segundo o gerente de Operações da Autoban, concessionária que administra a rodovia, Fausto Cabral, o socorro chegou 11 minutos após o atropelamento. "Quando o resgate chegou, ela já estava morta. Houve perda de massa encefálica", conta.
Para o capitão da Polícia Rodoviária Renan de Oliveira Corte Brilho, que comandou os policiais que acompanhavam a marcha "ocorreu uma fatalidade". "Ninguém tem culpa, nem a organização da marcha, nem a polícia, nem a Autoban."
A luta continua
A estudante Susi Martinelli, 21 anos, caminhava descalça pela rodovia Anhanguera. Indagada se o calor do asfalto não a incomodava, respondeu que seus pés são calejados. Ela e a família trabalhavam em um sítio arrendado. "Tirava leite das vacas, sempre andava descalça na roça."
Susi está acampada há quatro meses no município de Gália, no centro oeste paulista. "Muita gente difama o MST, taxam a gente de vagabundos porque fazemos passeatas, mas se não fizermos isso, ninguém sabe o que estamos passando. Temos de lutar por um pedaço de terra. Tenho uma filha de dois anos e meio e quero um futuro melhor para ela", ressalta.
Além da conquista de um pedaço de chão, Susi acalenta outro sonho: quer ser médica. "Estou fazendo cursinho pré vestibular." Ela ainda não decidiu se quer se especializar em ginecologia ou obstetrícia.
A idade não foi empecilho para Marcos dos Santos Tonon, 13 anos, participar da marcha do MST. Ele vive sob uma lona com a família, no mesmo acampamento em que Susi reside. "O sonho do meu pai sempre foi ter um pedaço de terra. Antes minha mãe tinha medo, mas depois que conheceu o MST, ela gostou." O menino foi para a marcha acompanhado pelo irmão mais velho.
Marcos é um aluno dedicado, nunca repetiu, cursa a oitava série em uma escola pública, na região onde vive. Os pais estão desempregados, antes trabalhavam em um sítio cuidando do cultivo de café. "Trabalhavam na roça e eu também ajudava, quando
voltava da escola", conta.
O menino está confiante que vai conseguir conquistar um pedaço de terra para viver com a família. Hoje, eles sobrevivem com alimentos que são doados ao MST. A casa improvisada tem quarto e cozinha. O banheiro é coletivo, o sonho também.
fonte:www.brasildefato.com.br

10/08/2009
Coletivo de Comunicação de Cajamar


Sob o forte sol, após seis horas de caminhada, os mais de 1.200 marchantes chegaram ao Distrito de Jordanésia, município de Cajamar (SP), percorridos mais de 20 km a partir de Jundiaí. A marcha saiu de Campinas, na manhã da última quarta-feira (06), com destino à São Paulo.
Segundo Irineu, 35 anos, da Regional de Andradina, a marcha é necessária devido à atual conjuntura política do país, na qual a reforma agrária não tem sido realizada. Para o militante é necessário denunciar esta realidade e a marcha seria um dos melhores meios. “Apenas a ocupação de terra não chama a atenção da sociedade, pois a mídia manipula os fatos. A marcha dialoga com o povo”, explica.
Pressão
A marcha é uma forma de pressionar os governos Federal e Estadual por meio de pautas relacionadas à reforma agrária. Como diz Maria, 53 anos, da Regional de Andradina, “a marcha é o momento de lembrar dos trabalhadores rurais que não têm terra e, inclusive, daqueles que estão acampados, cobrando repostas do Estado”. Porém, para ela, os trabalhadores assentados também têm passado por dificuldades. “Mesmo os assentados têm sofrido, pois não estão recebendo os créditos e financiamentos”, alerta.
A Marcha Estadual do MST “Maria Cícera das Neves”, tem também o objetivo de chamar a atenção da população a respeito da crise mundial. A recessão gerada no centro do sistema capitalista tende a agravar a vida dos trabalhadores, denuncia o movimento. De acordo com o MST, a crise coloca em pauta a questão da soberania alimentar e a insustentabilidade do modelo do agronegócio.
Suas consequências no campo tendem a impulsionar o êxodo rural, ao menos é o que avalia Noel Bernardes, 52 anos, do acampamento Padre Josimo. “O trabalhador rural é obrigado a sair da roça e ir para a cidade à procura de emprego, quando encontra emprego lá”, aponta. De acordo com o militante, aqueles que não encontram emprego sofrem nas periferias das cidades ou vão se alojar nas ruas.
Cansaço e persistência
Após a chegada nos alojamentos é possível notar o cansaço e o desgaste dos marchantes, o que não desestimula a continuidade da marcha. Para José Luis de Oliveira, da Regional do Pontal de Paranapanema, a motivação para a continuidade da marcha está na certeza de que a luta não pode parar. “A gente não olha pelo lado do cansaço, mas pelo nosso objetivo”, diz.
“Marchamos para ver se conseguimos melhorar nossa condição de vida”, afirma Maria de Andrade. De acordo com a militante, há uma forte esperança de que a realidade dos trabalhadores rurais melhore devido ao esforço na luta.
Para Alessandro, 36 anos, da Regional de Andradina, a marcha faz parte de um projeto de transformação social e por isso a vontade de marchar se sobrepõe ao cansaço. “Cansa. Marchar cansa, mas se é para transformar a sociedade vale a pena”, conclui.

fonte:www.brasildefato.com.br
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