Sociologia
23/04/2010
Seminário debate o 95º aniversário do Genocídio Armênio
Por Rafaela CarvalhoO Genocídio aconteceu entre os anos de 1915 e 1917, quando o governo dos chamados Jovens Turcos resolveu colocar em prática o plano de aniquilação do povo armênio, que reivindicava sua autonomia dentro das fronteiras do Império Otomano. Cerca de 1,5 milhão de armênios foram exterminados. Trata-se de um assunto pouco debatido no mundo, uma vez que ocorreu durante a Primeira Guerra Mundial e a Revolução Russa. Além disso, a Turquia não admite, até hoje, que os ataques contra o povo armênio tenham sido intencionais, o que polemiza ainda mais o assunto.
De acordo com a professora Maria Luiza Tucci Carneiro, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, e organizadora do evento, um dos maiores cuidados tomados na estruturação deste seminário foi para que o teor das apresentações fosse estritamente científico-acadêmico. “Não queremos polemizar a questão política. Tanto que, na seleção dos convidados, procuramos por estrangeiros e brasileiros, para que se mostrem diferentes interpretações sobre o Genocídio Armênio”, justifica. Segundo a professora, o evento é muito importante para a USP por razões como incentivo à pesquisa e, principalmente, como uma medida preventiva. “Só impedimos que algo como esse genocídio aconteça de novo se levarmos informações para que os jovens de hoje se conscientizem.”
A professora também destaca que outra intenção é mostrar a fundo o que está por trás da pouca atenção dada à tragédia, mesmo estando próxima de completar 100 anos: “Há a negação por parte da Turquia em reconhecer o Genocídio Armênio, o que pode comprometer relações diplomáticas do país com aqueles que reconhecerem o acontecimento”, explica.
A programação será composta por debates, seminários e mesas-redondas. No primeiro dia, será exibido o documentário “Armênia Traída, Genocídio Negado”, feito pelo canal de televisão inglês BBC. Outro momento a se destacar é a visita, na sexta-feira (23), ao Monumento dos Mártires Armênios, na estação Armênia do metrô, em São Paulo.
O seminário contará com a participação de pesquisadores nacionais e estrangeiros. Um desses palestrantes é Vahakn Dadrian, diretor de pesquisa do Instituto Zoryan (Instituto Internacional de Estudos sobre o Genocídio e Direitos Humanos), localizado no Canadá. Dadrian discutirá o tema “O Genocídio Armênio no Direito Internacional”. Entre os outros temas abordados estão “A Política do Genocídio Armênio”, “A Negação do Genocídio Armênio” e “As Lições do Genocídio Armênio para Prevenção dos Genocídios”, abordados, respectivamente, pelos professores Ruben Safrastyan (Instituto de Estudos Orientais da Academia de Ciências, Armênia), Roger Winston Smith (Faculdade William e Mary, Estados Unidos) e Herbert Hirsch (Universidade Virginia Commonwealth, Estados Unidos).
Maria Luiza também destaca a vinda de pesquisadores brasileiros, que mostrarão a postura do Brasil diante do Genocídio. Um deles é Márcio Seligmann, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que vai debater o tema: “O Genocídio Armênio e a Questão da Memória do Mal no século XX”.
A Armênia vive
No último dia haverá uma celebração, a partir das 11h20, no Anfiteatro Camargo Guarnieri, com apresentação do programa musical “A Armênia vive”. Maria Luiza reitera: “Queremos mostrar que apesar da diáspora vivida por esse povo, a Armênia e sua cultura estão vivas”. Haverá, no mesmo dia, um coquetel com comidas típicas armênias. O momento festivo será aberto para não-inscritos.
A professora destaca que as discussões ocorridas durante o seminário serão reunidas e o material resultante servirá de base para a elaboração de um livro e um DVD, com previsão de lançamento em 24 de abril 2011, no 96° aniversário do Genocídio.
O seminário é gratuito. Na quinta-feira e no sábado ele acontecerá no Anfiteatro Camargo Guarnieri (Rua do Anfiteatro, 109, Cidade Universitária, São Paulo) e, na sexta-feira, ocorrerá no Anfiteatro do Departamento da História (Avenida Professor Lineu Prestes, 338, Cidade Universitária, São Paulo). Para se inscrever, é preciso preencher uma ficha disponível em um link no site do Arquivo Virtual do Holocausto (Arqshoah). A inscrição deve ser enviada para o email g-armen@usp.br. O evento é organizado pela USP, pelo Governo do Estado de São Paulo, pelo Governo da Armênia e pelo Instituto Zoryan.
Este conteúdo foi publicado em 20/04/2010 no sítio da Agência USP de Notícias. Todas as modificações posteriores são de responsabilidade do autor original da matéria.