Sociologia
30/08/2011
Quanto vale uma imagem?
Assim também é a estátua do Cristo Redentor, símbolo emblemático do Rio de Janeiro, ou a famosa foto do beijo na Times Square, que trouxe paz e a esperança em recentes tempos de guerra. Quem as fotografou? Muitos dos autores se perderam, a exemplo do fotógrafo de Che, que não ganha um centavo pelas milhares de cópias que circulam. Mas de qualquer maneira, todos eles se tornaram ícones e é este o tema abordado na 5ª Semana de Fotojornalismo, que iniciou nesta segunda e se estende até sexta, na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP.Promovida pelos estudantes que integram a empresa Jornalismo Júnior, da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, o evento traz mesas de debates e palestras, e conta com a presença de estudiosos do tema e profissionais da área. Além disso, a semana também inclui em sua programação uma saída fotográfica e premiação das melhores fotos. A mesa-redonda “O Poder do Fotojornalismo para Formar Ícones” abriu o evento com as professoras Mayra Rodrigues Gomes, com pesquisas na área de jornalismo e da produção midiática, e Helouise Costa, curadora Coordenadora da Divisão de Pesquisa em Arte do Museu de Arte Contemporânea da USP, além do professor e fotógrafo Atílio Avancini, que afirma: “O ícone é algo que serve muito ao jornalismo, na medida em que é uma imagem figurativa, é aquilo a que você se assemelha. Eu vou me preocupar em dar uma visão tanto histórica quanto contemporânea (…) E vou procurar trazer a inovação contemporânea da convergência da linguagem verbal e não verbal. Hoje não é só o ícone imagético”. E enfatiza que este é “um movimento de se dar as mãos entre a palavra e a imagem”.
Durante a semana, o tema “Ícones” se desmembra em outros três ligados a ele. Na terça, o foco é dado aos “Lugares”, como na palestra da arquiteta Dirce Carrion que fala sobre seu projeto Olhares Cruzados, no qual forneceu câmeras fotográficas a crianças do Brasil e da África para que retratassem suas próprias vidas e as trocassem através de cartas. No Brasil, escolheu a favela do Morro da Chacrinha (RJ) e a Vila dos Papeleiros (RS) e na África, escolheu um lixão de Maputo, em Moçambique. Caio Guatelli, que já fotografou para a Folha de S. Paulo e para o Estado de S. Paulo também fala sobre Lugares. Na quarta, acontece a saída fotográfica (local divulgado somente durante o evento), monitorada por alguns professores e por organizadores do evento.
Na quinta, o experiente fotógrafo José Cordeiro divide a palavra com o professor Wagner Souza e Silva na palestra “Crenças”. O “Cordeiro de Deus”, como é chamado, possui um grande trabalho com a cidade Aparecida do Norte e conduz a conversa para aquilo que é seu objeto de trabalho: a fotografia de crenças, que remete ao sagrado e às religiões. Já o professor pretende inverter o assunto, destacando a crença na fotografia. “É fundamental a crença da fotografia como documento. Ela é uma ferramenta importante no trabalho.” O professor também pretende levantar a polêmica da manipulação de imagens: “Manipular não significa subverter a informação. Informar não significa necessariamente trazer àquela realidade objetivamente (…) Eu posso conseguir através de uma imagem manipulada trazer muito mais informação, do que a aparentemente isenta”. E complementa, “essa cumplicidade com o real, ao mesmo tempo em que é importante não pode ser ingessadora da percepção da informação”.
Na sexta, os fotógrafos Marcio Scavone e Priscila Prade centralizam o assunto nas “Pessoas” que se tornam ícones através da fotografia. Scavone é conhecido por fotografar personalidades como Oscar Nimeyer, Pelé, Fernando Henrique Cardoso e Caetano Veloso, com obras na Coleção Pirelli/Masp e no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Priscila é autora de retratos em que celebridades encarnam personagens famosos, como o próprio Che Guevara, Marilyn Monroe e Van Gogh, resultando no livro Eu Queria Ser. O evento se encerra com coffee end e premiação dos vencedores da saída fotográfica. Também haverá sorteio de prêmios para as pessoas que compareceram a pelo menos três dias do evento, inclusive na sexta. Entre os prêmios estão cursos de fotografia, câmera fotográfica, livros e revistas sobre o tema.
A 5ª Semana de Fotojornalismo acontece de segunda a sexta, no Auditório Ariosto Mila da FAU (r. do Lago, 876, Cidade Universitária). As palestras e saída fotográfica acontecem às 15h e o encerramento, às 17h. Gratuito. Mais informações pelo tel. 3091-4085 ou pelo site www.jornalismojunior.blogspot.com.
Esta reportagem foi publicada no dia 28/08/2011 no sítio espaber.uspnet.usp.br/. Todas as informações nela contida são de responsabilidade do autor.