Sociologia
06/10/2011
Gregos protestam contra austeridade
A polícia interviu e alguns manifestantes foram presos ou ficaram feridos em decorrência do uso de armas não-letais. O país vive uma das situações mais drásticas da Europa e corre o risco de decretar calote. Na terça-feira 4, o ministro das Finanças Evagelos Venizelos confirmou que a Grécia só terá dinheiro até novembro. Maryse Farhi, professora e pesquisadora de economia da Unicamp, afirmou para CartaCapital que o calote grego é questão de tempo.Pacotes de austeridade foram lançados na tentativa de melhorar a situação dos cofres públicos. No entanto, medidas têm surtido pouco efeito, devido à diminuição progressiva do PIB, que caiu cerca de 7% no último trimestre. Críticos argumentam que contenção aprofunda cada vez mais a crise, ao desestimular uma economia capenga. No último pacote, o governo extinguiu 30 mil cargos públicos e anunciou um novo imposto sobre a propriedade.
O país espera ajuda da União Europeia em novembro. Mas o auxílio ainda não é garantido. A Alemanha, esperança para o bloco, enfrenta uma situação política delicada. Nas últimas eleições regionais, o partido da premier Angela Merkel perdeu posições, inclusive na capital do país. Conservador, a legenda defende a conteção de gastos e é contrária a novos aportes para ajudar demais países do bloco. Ao mesmo tempo em que vota na oposição, a maioria da população também não quer ajudar vizinhos a sanar dívidas. O que deixa Merkel num impasse.
Protestos cada vez mais frequentes trazem à tona a insatisfação popular crescente. Símbolo da falência do euro, a Grécia é, no entanto, apenas o primeiro da fila: Itália, Espanha, Portugal, Irlanda e até Bélgica somam-se a lista de países endividados do bloco. O fim da moeda, no entanto, iniciaria um processo de calote generalizado. O vice-ministro de Economia da Alemanha Stefan Kapferer propôs diretrizes para uma insolvência ordenada. Para Farhi, a professora da Unicamp, essa é uma história a ser contada, já que nunca foi realizada antes nessas proporções.
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