Sociologia
14/02/2012
Registro das bonecas Karajá como Patrimônio Imaterial Brasileiro
A pesquisa que subsidiou o pedido foi realizada pelo Museu Antropológico da Universidade Federal de Goiás e Faculdade de Ciências Sociais (PPGAS) no âmbito do projeto "Bonecas Karajá: arte memória e identidade indígena no Araguaia". No ano de 2008, o projeto foi financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (FAPEG) e recebeu apoio da Secretaria de Estado de Políticas Públicas para Mulheres e Promoção da Igualdade Racial (SEMIRA). Em 2009 e 2010, o projeto contou com a parceria e financiamento do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN, Superintendência de Goiás. O dossiê, produzido pela equipe de pesquisa, é composto por um relatório escrito, documentação fotográfica e dois documentários fílmicos (curta e média).O projeto teve como objetivo descrever e documentar o ofício da ceramista Karajá e os modos de fazer as bonecas de cerâmica com vistas a subsidiar o pedido de registro como patrimônio nacional. A pesquisa revelou que, mais do que artesanato, as ritxoko ou bonecas de cerâmicas carregam significados complexos que remetem aos referenciais culturais e identitários Karajá e são importantes instrumentos pedagógicos usados na educação das gerações mais jovens. Nas palavras da ceramista Mahuederu elas “servem para contar a história dos In? para crianças e jovens” e ainda como expressou Kuanajiki, com mais de 80 anos: "sem as crianças não haveria ritxoko”.
Em formas de figuras individuais, conjuntos de personagens (como é o caso da família) ou cenas sociais com representações do nascimento à morte, as bonecas se constituem em importantes formas de expressão do universo social e cosmológico do povo Karajá remetendo tanto aos aspectos da sua estrutura social e às atividades cotidianas, como às cenas rituais e narrativas mitológicas. Assim, além de significativa fonte de renda, quando vendidas como artesanato, elas revelam temas variados do universo cultural do povo In? e seus distintos significados que são materializados pelas mãos das mulheres, por meio da arte de modelar o barro.
O projeto foi desenvolvido em parceria com as comunidades indígenas Karajá da ilha do Bananal (TO) e de Aruanã (GO). A equipe foi formada por Manuel Ferreira Lima Filho, Nei Clara de Lima (coordenação da primeira fase), Rosani Moreira Leitão e Telma Camargo da Silva (coordenação da segunda fase), pesquisadores da UFG, e por Maíra Torres Correa, do IPHAN (GO), além das estagiárias Michelle Resende e Núbia Vieira. Registram-se ainda as consultorias das antropólogas Edna Taveira (UFG) e Patrícia de Mendonça Rodrigues, do professor Sinvaldo Wahuká Karajá e a participação de Neto Borges e a equipe da Olho Filmes (DF). A Fundação de Apoio à Pesquisa da UFG (FUNAPE) foi a responsável pelo gerenciamento financeiro-administrativo do projeto.
Esta reportagem foi publicada em 07/02/2012 no sítio da Associação Brasileira de Tecnologia.Todas as informações nela contida são de responsabilidade do autor.