Sociologia
24/08/2012
A escravidão no papel
Carta CapitalO Brasil é a sexta maior economia do mundo e tem recebido atenção (e investimentos) do mundo afora por ter conseguido manter níveis estáveis de desenvolvimento apesar da crise financeira. No entanto, na contramão desta imagem vendida lá fora está um anacronismo social que insiste em manter-se vivo no País: o trabalho escravo. Escravidão no Brasil, quadro de Jean-Baptiste Debret (1768-1848).
Segundo dados do Ministério Público do Trabalho (MPT), a “escravidão” ainda recruta 20 mil vítimas por ano em todo o território nacional. O quadro dessa triste e insistente realidade pode ser resumido no livro Dez anos de estrada de terra em 17 grandes reportagens, organizado pelo grupo Repórter Brasil e que será lançado nesta quarta-feria, 22. Criada desde 2001, a organização sempre acompanhou e publicizou os casos de trabalho análogo à escravidão no País com o objetivo de informar e auxiliar o poder público e a sociedade civil em relação aos empregadores. Entre as denúncias mais recentes está o caso da marca de roupas Zara, que foi denunciada por manter uma confecção com trabalhadores escravos no interior do estado de São Paulo.
O caso, presente no livro, demonstra que o trabalho escravo não é uma mazela dos estados mais pobres do Brasil. Neste ano, 140 pessoas já foram encontradas em situação análoga à escravidão na cidade mais rica do País, São Paulo, trabalhando no setor da construção civil. O livro traz ainda relatos de casos de trabalho escravo flagrados em regiões do Nordeste assoladas pela seca.
Esta reportagem foi publicada no sítio cartacapital.com.br/ em 21 de agosto de 2012. Todas as informações contidas nela são de responsabilidade do autor.
Fonte: http://www.cartacapital.com.br/cultura/a-escravidao-no-papel/