Sociologia
12/11/2007
Faltam números sobre a reincidência de adolescentes em conflito com a lei
Para educadores, projetos de capacitação dão oportunidade para que os jovens não voltem à privação de liberdadePara saber ao certo a porcentagem de adolescentes que passam por unidades de sócio-educação e que retornam ao sistema de privação de liberdade será necessária uma nova prática para o armazenamento de informações. Além da falta de dados sobre a reincidência destes adolescentes, a situação mostra a falta de acompanhamento dos jovens, que ficam “órfãos da doutrina da proteção integral e caem no mundo”. Uma das maiores reivindicações dos educadores contra esta situação é uma rede de apoio pós-desinternamento, que “abandone” o adolescente somente no momento em que esteja empregado e estudando.
Números - Dados de 2004 da Secretaria Especial de Direitos Humanos apontam que existem no Brasil 14.700 adolescentes privados de liberdade, 96% do sexo masculino. Ao longo do ano, entre idas e vindas, 30 mil passam pelos centros de ressocialização do país. No Paraná são 820 jovens distribuídos em 21 unidades de sócio-educação. Dados do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda) estimam em 20% a reincidência dentro do sistema sócio-educativo e 60% no penitenciário. No entanto, para o Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), a reincidência nas unidades pode oscilar entre 20% e 60%, a depender da região do país.
Uma oportunidade – As atividades profissionalizantes que os adolescentes em privação de liberdade participam durante o cumprimento da medida contribuem para a diminuição da reincidência. Pois, sem nenhum ofício, fica mais fácil para os adolescentes voltarem a se envolver com o crime. Para os educadores, projetos profissionalizantes trabalham também com a auto-estima dos meninos, como afirma a psicóloga e educadora do São Francisco, Iliete Sansana Gallotti. “Em projetos como esse, os meninos aprendem a ser colaborativos, a atuar em equipe e a fazer planos para quando deixarem as unidades”, diz. A capacitação dos adolescentes traz ainda outra vantagem: sensibiliza os juízes e garante uma carta de recomendação para os garotos que recomeçam a jornada. “Sem esse impulso, muitos não conseguem emprego. Mas a sociedade é tímida na hora de fazer parcerias. Estou cutucando as autoridades, temos de desenvolver um sistema de amparo social. O bonde está aí e temos de pegá-lo”, complementa Iliete.
(Gazeta do Povo-PR – José Carlos Fernandes – 11/11)
Fonte: Ciranda, 12 de novembro de 2007