Sociologia
27/11/2007
Atividades durante 16 dias combatem a violência de gênero
Do feminicídio amplamente divulgado, mas ainda impune, em Ciudad Juarez (México) às agressões domésticas silenciadas, seja no Brasil, na Guatemala ou na Colômbia; a violência em razão do gênero atinge indiscriminadamente a um terço das mulheres na América Latina. Para combater essas violações aos direitos humanos, não só na região, mas em todo o mundo, a partir de domingo (25), mulheres, e também homens, estarão mobilizados na Campanha "16 dias de ativismo contra a violência de gênero".Integrante do calendário dos movimentos sociais desde 1991, a Campanha deste ano tem como centro os desafios que dificultam a eficácia do trabalho das ativistas. A Campanha busca tornar visível o impacto que a violência em razão de gênero tem na vida das mulheres. Assim, questiona as políticas e praticas que permitem os atos de violência, pede proteção aos defensores dos direitos das mulheres e exige que os Estados nacionais prestem contas do compromisso de atuar contra todas as formas de violência contra as mulheres.
Em algumas cidades latino-americanas, as mobilizações contra a violência de gênero já começam hoje (23). Na Cidade do México, o Ciclo de Cinema "Mulheres Insubmissas" apresentará, em onze diferentes salas, mais de 80 filmes sobre esse tema. Na capital argentina, Buenos Aires, com o objetivo de "trabalhar para recordar e reforçar a idéia", a Campanha foi lançada hoje pela manhã no Centro de Informação das Nações Unidas.
Foram apresentados as atividades e projetos, que estão em execução em Buenos Aires. Além de, apresentado também, o Observatório de Violência. A Fundação para o Estudo da Mulher divulgou o documento: "As Mulheres NÃO esperam. Acabemos com a violência contra a Mulher e com o HIV/Aids. JÁ!: Publicação para a América Latina e Caribe".
Em Maracaíbo, na Venezuela, as atividades programadas pelo Instituto da Mulher de Aragua (IMA) terão início domingo, no Parque Santos Michelena, celebrando o Dia Mundial da Eliminação da Violência contra a Mulher, com um encontro familiar, para o qual toda a comunidade foi convidada. A partir das 8 horas, serão realizadas atividades culturais, esportivas e gastronômicas.
Para os organizadores da Campanha, algumas ações devem ser tomadas para superar esses desafios: exigir e assegurar suficiente financiamento para o trabalho sobre a violência contra as mulheres; exigir compromisso político dos Estados para prevenir e punir, com ações reais, os violadores; aumentar a sensibilização sobre o impacto da violência contra as mulheres, especialmente entre homens e meninos; avaliar a eficácia do trabalho de prevenção dessa violência; e assegurar a defesa dos ativistas pelos direitos das mulheres.
A violência de gênero atinge às mulheres física, sexual, psicológica, emocional e economicamente. A mais comum é a exercida dentro da própria casa, que é responsável por 5% do total dos problemas de saúde das mulheres de entre 15 e 44 anos em países em desenvolvimento, e 19% nos desenvolvidos. Na América Latina, 45% das mulheres já foram ameaçadas por seus parceiros.
Segundo estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS), a violência contra a mulher por parte do marido ou companheiro representam entre 13% e 61% nos países integrantes da Organização das Nações Unidas (ONU), enquanto a violência sexual varia entre 6% e 59%. A violência psicológica ou emocional exercida por marido ou companheiro oscila entre 10% e 51%, também de acordo com o país.
Na Colômbia, segundo o relatório da ONU divulgado em 2006, a cada seis dias uma mulher é assassinada por seu marido ou companheiro. Em países como Austrália, Canadá, EUA, Israel e África do Sul, entre 40% e 70% das mulheres mortas são assassinadas por seus maridos ou namorados.
O estudo destacou que a violação por parte do marido ou do companheiro é um delito previsto na maioria de legislações nacionais, mas, em pelo menos 53 Estados, esse crime ainda não está proscrito. Segundo o relatório, apenas 89 Estados contam com algumas disposições legislativas contra a violência doméstica, e existem 102 países que ainda não adotaram dispositivos legais sobre a questão.
De 25 de novembro até 10 de dezembro, a programação dos dias de ativismo tem datas específicas:
25 de Novembro: Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres
1º de Dezembro: Dia Mundial da AIDS
06 de Dezembro: Data do Massacre de Montreal
10 de Dezembro: Dia Internacional dos Direitos Humanos
Fonte: Adital,23 de novembro de 2007