Sociologia
10/12/2007
Pisa: Abismo separa redes pública e privada
Resultados no exame de Pisa mostram ainda que elite brasileira tem desempenho fraco, cuja média ocupa apenas a 24ª posição no ranking mundial.
Entre 35 países onde foi possível fazer essa comparação, o Brasil foi o que apresentou a maior distância, em número de pontos, entre os alunos da rede pública e da rede privada na prova de ciências.
O resultado mostra que a elite brasileira, quando confrontada com a de outros países no Pisa, também tem desempenho abaixo da média. Mesmo estando muito melhores do que os jovens das públicas, os estudantes de particulares ocupariam somente a 24ª posição e estariam abaixo da média dos países da OCDE.
Como nem todos os países possuem rede privada em tamanho significativo, essa comparação se resume apenas a um grupo de 35 nações. Em alguns casos, como em Hong Kong, a rede pública é melhor do que a particular, mas é preciso levar em conta que lá, diferentemente do Brasil, a maioria das escolas particulares -onde estão 91% dos alunos- depende de financiamento estatal.
Extremos
Outra maneira de fazer essa mesma constatação é comparar apenas os alunos que estão nos extremos de melhores e piores notas. Nesse caso, a comparação é pode ser feita entre todos os países que participaram do Pisa.
Se as médias fossem comparada apenas pelo desempenho de estudantes que estão entre os 5% melhores, a posição do Brasil seria a 51ª em ciências, a 45ª em leitura e a 53ª em matemática. A posição não é muito melhor do que em uma mesma comparação considerando somente os 5% piores alunos. As posições, nesse caso, seriam a 55ª em ciências, a 51ª em leitura e a 55ª em matemática.
O pífio desempenho da elite brasileira já havia aparecido em outras edições do Pisa. Um estudo feito pelo pesquisador Creso Franco, da PUC do Rio de Janeiro, mostra que, em 2000, os estudantes brasileiros de maior nível sócio-ecônomico ficavam muito atrás dos de nações como França, Coréia, Estados Unidos ou Espanha.
Outra análise que o Pisa permite fazer é o quanto as médias são explicadas pelo nível socioeconômico dos alunos, já que o fator determinante para o desempenho do estudante é sua situação familiar, ou seja, filhos de pais escolarizados e de maior renda tendem a ter melhor desempenho do que os pobres e de famílias menos escolarizadas, ainda que ambas estejam na mesma escola.
Para isso, a OCDE estima qual seria a média de todos os países caso todos os alunos tivessem nível socioeconômico igual. No Brasil, a média em ciências passaria de 390 -que é a média simples- para 424.
Isso, no entanto, pouco alteraria a posição brasileira no ranking em ciências. O país passaria da 51ª posição para a 49ª. Nessa comparação, em vez dos 57 países listados nas médias simples de ciências, entrariam apenas 56, já que as médias do Qatar não foram ajustadas de acordo com o nível socioeconômico dos alunos.
Apesar de o Brasil apresentar uma das maiores desigualdades na distribuição das notas dos alunos, de 2003 para 2006, os dados do Pisa revelam que essa diferença diminuiu.
Nesse período, a média dos estudantes que estavam entre os 5% piores teve ganho de 23 pontos em matemática e de 11 pontos em leitura. Entre os que estavam entre os 5% melhores, a média variou apenas dois pontos em matemática e teve queda de 19 em leitura.
O mesmo acontece quando, são selecionados os 25% melhores e os 25% piores. Entre os piores, as médias avançam 22 pontos em matemática e caem dois em leitura. Entre os melhores, o avanço em matemática é de oito pontos e a queda em leitura, de 19.
(Folha de SP, 5/12)
Fonte; Jornal da Ciência, 05 de dezembro de 2007
Entre 35 países onde foi possível fazer essa comparação, o Brasil foi o que apresentou a maior distância, em número de pontos, entre os alunos da rede pública e da rede privada na prova de ciências.
O resultado mostra que a elite brasileira, quando confrontada com a de outros países no Pisa, também tem desempenho abaixo da média. Mesmo estando muito melhores do que os jovens das públicas, os estudantes de particulares ocupariam somente a 24ª posição e estariam abaixo da média dos países da OCDE.
Como nem todos os países possuem rede privada em tamanho significativo, essa comparação se resume apenas a um grupo de 35 nações. Em alguns casos, como em Hong Kong, a rede pública é melhor do que a particular, mas é preciso levar em conta que lá, diferentemente do Brasil, a maioria das escolas particulares -onde estão 91% dos alunos- depende de financiamento estatal.
Extremos
Outra maneira de fazer essa mesma constatação é comparar apenas os alunos que estão nos extremos de melhores e piores notas. Nesse caso, a comparação é pode ser feita entre todos os países que participaram do Pisa.
Se as médias fossem comparada apenas pelo desempenho de estudantes que estão entre os 5% melhores, a posição do Brasil seria a 51ª em ciências, a 45ª em leitura e a 53ª em matemática. A posição não é muito melhor do que em uma mesma comparação considerando somente os 5% piores alunos. As posições, nesse caso, seriam a 55ª em ciências, a 51ª em leitura e a 55ª em matemática.
O pífio desempenho da elite brasileira já havia aparecido em outras edições do Pisa. Um estudo feito pelo pesquisador Creso Franco, da PUC do Rio de Janeiro, mostra que, em 2000, os estudantes brasileiros de maior nível sócio-ecônomico ficavam muito atrás dos de nações como França, Coréia, Estados Unidos ou Espanha.
Outra análise que o Pisa permite fazer é o quanto as médias são explicadas pelo nível socioeconômico dos alunos, já que o fator determinante para o desempenho do estudante é sua situação familiar, ou seja, filhos de pais escolarizados e de maior renda tendem a ter melhor desempenho do que os pobres e de famílias menos escolarizadas, ainda que ambas estejam na mesma escola.
Para isso, a OCDE estima qual seria a média de todos os países caso todos os alunos tivessem nível socioeconômico igual. No Brasil, a média em ciências passaria de 390 -que é a média simples- para 424.
Isso, no entanto, pouco alteraria a posição brasileira no ranking em ciências. O país passaria da 51ª posição para a 49ª. Nessa comparação, em vez dos 57 países listados nas médias simples de ciências, entrariam apenas 56, já que as médias do Qatar não foram ajustadas de acordo com o nível socioeconômico dos alunos.
Apesar de o Brasil apresentar uma das maiores desigualdades na distribuição das notas dos alunos, de 2003 para 2006, os dados do Pisa revelam que essa diferença diminuiu.
Nesse período, a média dos estudantes que estavam entre os 5% piores teve ganho de 23 pontos em matemática e de 11 pontos em leitura. Entre os que estavam entre os 5% melhores, a média variou apenas dois pontos em matemática e teve queda de 19 em leitura.
O mesmo acontece quando, são selecionados os 25% melhores e os 25% piores. Entre os piores, as médias avançam 22 pontos em matemática e caem dois em leitura. Entre os melhores, o avanço em matemática é de oito pontos e a queda em leitura, de 19.
(Folha de SP, 5/12)
Fonte; Jornal da Ciência, 05 de dezembro de 2007